quinta-feira, 13 de maio de 2010

TRABALHO SOCIAL COM CRIANÇAS NO JD. NOVO MUNDO COMOVE COM A LUTA PELA SOBREVIVÊNCIA

Jornal Bairro em Foco – Outubro 2009

“Eu não sou esse xingamento aí. Eu sou uma benção”. Essa é a lição mais importante que Celina Cláudia Menezes Lemes passou desde que começou (há 11 anos) a realizar reuniões todos os sábados em sua casa para ajudar na prevenção às drogas. A princípio eram 35. Hoje, 230 crianças e adolescentes são fiéis frequentadores do que eles mesmos intitularam “Projeto Celina”. Ela e o marido são vendedores ambulantes de algodão-doce, maçã do amor, etc. A história teve início quando seus filhos se envolveram com entorpecentes. “Sofri com meus filhos. Então quis fazer algo que evitasse outras mulheres a passar pelo que passei”, relata.

Eles vão chegando partir das 8h30min. Às 9h é servido o café-da-manhã, com pães e leite doados por uma padaria e uma entidade. A margarina é paga com o suor de Celina e seu esposo. Quando começou o trabalho, ela servia apenas doce para as crianças. Mas ouviu dos pequeninos: “Não quero doce. Estou é com fome”. E precisou atendê-los.

Depois todos ouvem a Palavra de Deus e segue um louvor repleto de música e orações. Feito isso, é ministrada uma palestra sobre temas como drogas, alcoolismo, sexualidade, gravidez na adolescência, família, violência, etc. Houve uma ocasião em que alguns garotos frequentadores do projeto montaram uma gangue e chegaram a agredir uma criança de outro bairro. O caso teve grande repercussão e ela precisou agir. Mostrou aos meninos as efeitos do ato e as marcas que deixaram naquela família. “Nunca mais se envolveram em confusão”, garante.

Após a palestra, Celina divide grupos, e com a ajuda de voluntários (a maioria ex-participantes) oferece aulas de reforço escolar, bordado, pintura em tecido, artesanato e futebol. Os menores ficam debaixo de uma árvore, para a qual Celina aponta vislumbrada, como se fora uma equipada brinquedoteca: “Damos os brinquedos, e eles ficam lá felizes da vida”.

O local tem 500m² de área verde. Fica ao lado de um córrego e o mau cheiro chega a incomodar. Nada que afaste as crianças, que cada vez chamam mais amigos e parentes.

No fim da manhã, para encerrar o dia, Celina oferece um almoço, sem nenhuma ajuda do poder público, muitas vezes custeado também pelo seu trabalho e do esposo. Ela lembra que certa vez não tinha dinheiro para o almoço do projeto e já estava quase se desesperando. Na quinta-feira, ao levar um sobrinho para a escola, foi parada por alguns rapazes do bairro, envolvidos com drogas. Sem saber da necessidade de Celina, eles doaram R$ 200, para o trabalho. “Me lembrei da bíblia, quando Deus fala: ‘Eu tiro da mão do ímpio e trago para o justo’”, se emociona.

O projeto passa por algumas dificuldades e qualquer colaboração voluntária é bem vinda. “Uma vez veio a televisão fazer reportagem aqui, e muitos me ajudaram. Mas com o tempo foram embora”, lamenta.

Celina ainda não conseguiu tirar os próprios filhos das drogas. Mas com seu trabalho, evitou a ida de muitos outros para o meio. Afinal, quem um dia visita o Projeto Celina, não sai de lá da mesma forma que chegou.

Serviço: Para colaborar, o Projeto Celina funciona na Rua Aurora Ayres de Camargo, 205, Jd. Novo Mundo. O telefone para contato é 3247.6221.



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